segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
Coração na lua
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
Mute
quinta-feira, 28 de janeiro de 2021
Vi(r)agem
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
Direito do avesso.
O céu está coberto de nuvens, hoje. Acho que eu também. Tinha planeado ir à praça buscar flores e dióspiros antes que acabe a época. As nuvens pesam-me e é melhor amanhecer devagarinho. Cheiro de mar é outra coisa, é verdade, mas ainda me falta o sol.
Depois de dois dias de arrumações profundas numa tentativa de resgatar a harmonia e o equilíbrio que nos fogem quando há mudanças, o cansaço instala-se nos músculos e o corpo pede para ceder ao descanso. Não reclamo.
A vida é assim e o caminho é sempre para a frente. Pés assentes no chão é que é mais difícil a quem acredita ter asas invisíveis, e além disso a própria palavra mudAR, pede movimento.
Às vezes gostava que isto fosse uma linha contínua, com menos flutuações, mas provavelmente iria aborrecer-me de morte, porque como costumo dizer, a vida é como a cozinha, e nisso, ainda que respeite as regras e compreenda o que devo ou não fazer, a tendência mais forte é sempre o improviso e a intuição. Fazer o que o coração manda.
Ontem, assim que consegui encaixar o forno no lugar, ainda fiz um bolo de laranja com trigo barbela, a mando do coração e da gula, pronto. Pode faltar tudo, mas bolos, nunca!
Como uma fatia, que sabe sempre melhor no dia a seguir. Devo ser uma das raras criaturas que prefere os bolos frios. A temperatura quente, altera-lhes o sabor.
Faço uma cevada e sento-me a pensar no que devo fazer primeiro, arrumar os livros na estante, as roupas nas gavetas ou ir à praça cheirar as bancas e encher a cesta para me fechar na cozinha e fazer o tempo parar, enquanto tento visualizar uma varinha mágica que entretanto me arruma tudo no devido lugar. Isso é que era!
Ainda devo estar a dormir. Ou de certo, a sonhar. O relógio dos passarinhos que já pendurei na parede chilrea as 10 da manhã e lembra-me que é preciso pensar no que fazer para o almoço. Talvez faça uma massa com grão. Também preciso de um tapete.
Se um dia alguém me dissesse que não ia ser permitido comprar tapetes, eu ia achar que o mundo estava de pernas para o ar, e se calhar até está. Vou tentar fazer o pino para mudar a perspectiva e procurar o sentido. E a seguir vou à praça que está quase a chegar o passarinho das 11 ao relógio da cozinha.
domingo, 10 de janeiro de 2021
Dejà vu - ou - oh não, isto outra vez...
Não é nada fácil tentar escrever um livro com receitas quando não se seguem receitas.
Mas conto-vos um segredo, comigo resulta.
E eu acredito que resulta por ser assim, descomprometido, leve, inebriante, inconsequente - mas confiante e apaixonante.
Não importa o raciocínio nem a lógica, o olhar reconhece os alimentos e os utensílios de cor e o coração faz o resto.
Sento-me a fazer o exercício mental... que raio leva o Brás de Legumes que faço todas as semanas? Vou roendo o lápis e virando os olhos em busca de respostas.
Spooky, a gata preta olha para mim fixamente, parecendo dizer-me - Com que então não tens escrito o que enfias dentro do wok, humana irresponsável? Amanha-te que preciso voltar ao meu sono de beleza. E nisto, espreguiça-se com uma enorme lata felina.
Serão duzentos gramas de tofu? Quanto levará a minha mão cheia de salsa? Dois ou três alho-francês?
Levanto-me em negação. É melhor mas é ver se a roupa já secou que está aqui, está a chover!
Curgetes! Não sei quantas - e pimbas, levo com uma pinga de chuva que me soa mais a reprimenda - Angela Maria não podes fugir às regras! Devo ter dito um palavrão ou outro antes de sorrir e aceitar, enquanto dobrava a roupa.
- Está bem, grande Cosmos! É por uma boa causa. Cinco receitas por dia!
Mas primeiro vou preparar o almoço, que ceder dá fome.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
Mantras
"In shrim krim om kuber lakshmi kamla
Devnayae dhan karshinyae swaha" -
não é de certeza para a abundância de secreções de liquido lacrimal - dou uma gargalhada! Queridas cebolas! Também me agrada a fronteira fina entre o riso e o choro. A capacidade de transformar emoções.
Hoje quero transformar uns crepes de legumes, envolver o salteado numa massa fininha, mas fazer no forno para evitar os fritos.
Tenho de apontar quantidades desta vez para não me esquecer. Gengibre picado, cenoura em tiras, couve ripada, rebentos de soja, cogumelos, óleo de sésamo, curcuma...
Há tanto da vida na cozinha!! Sei que pode parecer estranho, mas é tão fácil a analogia entre os alimentos e as pessoas e os respectivos comportamentos. E tão mais fácil intuir que medir, que se calhar é isso que me falta "lá fora". A vida deve ser intuitiva.
As pessoas devem ser como as cebolas, cheias de camadas, sob uma pele fina. Algumas fazem-nos chorar, mas também nos despertam para nos focarmos no que importa. Outras dão-nos conforto, como as maçãs Reinetas, apesar de alguma acidez.
E há as que nos fazem aquecer, as malaguetas e pimentas. As que nos derretem com as suas polpas suculentas e macias, como abraços, como as mangas e as framboesas. Os cogumelos, toscos e insipidos, mas super versáteis e cheios de capacidade de adaptação. Os citrinos, amargos, mas tão refrescantes.
No fim, na cozinha e na vida há todo um festim para saborear, crescer e alimentar.
Coração na lua
O dia amanhece nublado. Será só aqui ou também no resto do mundo? Aqui é um mundo. À parte do outro. Já nem me lembro bem o ano exacto em q...

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Hoje fui ao correio enviar cartas. Estou com a sensibilidade à flor da pele. De onde virá esta expressão, a propósito? Mas pronto, sinto sau...
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O dia amanhece nublado. Será só aqui ou também no resto do mundo? Aqui é um mundo. À parte do outro. Já nem me lembro bem o ano exacto em q...