Esta necessidade de cumprir as tradições, impõe cá um rigor no psicológico, que no ano passado, que só me lembrei no dia a seguir, fiquei com a sensação que nada bateu certo depois. Já descansada e com a sensação de dever cumprido, começo a separar gemas de claras e o chocolate já derrete no banho Maria. De onde virá o nome do processo, a propósito?
Bolo de chocolate leva-me a um dos livros que mais gostei de ler até hoje.
Poucas companhias me dão tanto prazer como a de um bom livro, não querendo desvalorizar as pessoas da minha vida, claro. Nos livros, independentemente de quem os escreve ou da história em si, considero bom, se me flui facilmente logo desde o início. Gosto de leitura compulsiva, de palavras que controem histórias que despertam a curiosidade, que nos envolvem como claras batidas em gemas açucaradas, e alimentam a vontade de não largar o livro enquanto não se chega ao fim. Nunca, mesmo nunca, me atrevo a espreitar as últimas páginas antes de terminar. Detesto batotice! Inclusivamente, quando me aproximo dos últimos capítulos tento moderar o ritmo só para prolongar o gozo que sinto e manter a companhia durante mais tempo.
- "Como água para chocolate" da Laura Esquivel, foi-me sugerido por uma amiga, tinha eu vinte e poucos anos.
-É a tua cara- disse-me, a Patrícia.
Fala de amor, claro. Sou uma romântica incurável... Mas muito mais que romance, é a história de Tita, a personagem principal, e a emoção que passa para os pratos que cozinha, a entrega e paixão com que o faz e como o seu estado de espírito acaba por contagiar, literalmente, a sua comida e quem a prova.
Tita tornou-se parte de mim muito antes de eu perceber. Só descobri a minha paixão pela cozinha mais de uma década depois de a ler, e apesar de ter a certeza que dificilmente algum dia lhe chegarei aos calcanhares, fui contagiada por ela.
Isto dos contagios tem coisas boas, como no riso e nos bocejos, às vezes nas canções, nem sempre as que mais gostamos... Sabe-se lá porquê, passei a manhã inteira com o refrão da Nossa Senhora do Marco Paulo na cabeça - nem me lembro de a ter ouvido em algum lado - e em constante repeat, que de tão envolvida que estava, já nem sabia se havia de cantar, rezar ou tentar ouvir outra coisa à séria para mudar a frequência.
Há coisas que não têm explicação, pronto. Com as mãos da Senhora, de Tita ou as minhas, o bolo entra no forno e a espiga já está pendurada atrás da porta para que nada nos falte até à próxima quinta-feira de Ascensão. Nem chocolate, nem pão.
Bolo de chocolate leva-me a um dos livros que mais gostei de ler até hoje.
Poucas companhias me dão tanto prazer como a de um bom livro, não querendo desvalorizar as pessoas da minha vida, claro. Nos livros, independentemente de quem os escreve ou da história em si, considero bom, se me flui facilmente logo desde o início. Gosto de leitura compulsiva, de palavras que controem histórias que despertam a curiosidade, que nos envolvem como claras batidas em gemas açucaradas, e alimentam a vontade de não largar o livro enquanto não se chega ao fim. Nunca, mesmo nunca, me atrevo a espreitar as últimas páginas antes de terminar. Detesto batotice! Inclusivamente, quando me aproximo dos últimos capítulos tento moderar o ritmo só para prolongar o gozo que sinto e manter a companhia durante mais tempo.
- "Como água para chocolate" da Laura Esquivel, foi-me sugerido por uma amiga, tinha eu vinte e poucos anos.
-É a tua cara- disse-me, a Patrícia.
Fala de amor, claro. Sou uma romântica incurável... Mas muito mais que romance, é a história de Tita, a personagem principal, e a emoção que passa para os pratos que cozinha, a entrega e paixão com que o faz e como o seu estado de espírito acaba por contagiar, literalmente, a sua comida e quem a prova.
Tita tornou-se parte de mim muito antes de eu perceber. Só descobri a minha paixão pela cozinha mais de uma década depois de a ler, e apesar de ter a certeza que dificilmente algum dia lhe chegarei aos calcanhares, fui contagiada por ela.
Isto dos contagios tem coisas boas, como no riso e nos bocejos, às vezes nas canções, nem sempre as que mais gostamos... Sabe-se lá porquê, passei a manhã inteira com o refrão da Nossa Senhora do Marco Paulo na cabeça - nem me lembro de a ter ouvido em algum lado - e em constante repeat, que de tão envolvida que estava, já nem sabia se havia de cantar, rezar ou tentar ouvir outra coisa à séria para mudar a frequência.
Há coisas que não têm explicação, pronto. Com as mãos da Senhora, de Tita ou as minhas, o bolo entra no forno e a espiga já está pendurada atrás da porta para que nada nos falte até à próxima quinta-feira de Ascensão. Nem chocolate, nem pão.
Maravilhosooooooo...
ResponderEliminarAlê