terça-feira, 12 de maio de 2020

Sinfonia

É certo que há detalhes que são mais nossos que a impressão digital. Pormenores, nuances, peculiaridades que às vezes passam despercebidos a olho nú aos outros e até a nós (que nem percebemos a respiração, apesar de ser vital).
Alguns até podem enervar os mais sensíveis ou se calhar os que simplesmente vibram de uma forma diferente.
Factos:
-Sai um single de uma banda que gosto muito - é dado adquirido que é preciso ouvi-lo em repeat todo o santo dia!
-É época de cerejas ou de favas. 
Obviamente que não se come outra coisa. 
A estação passa a correr! Depois, pode-se avançar para os pêssegos e alperces, figos e até para os espinafres e nabiças que são verdes menos sazonais. 
E depois, repetir todo o processo.
Há obviamente uma intenção maior nisto, além de enfardar como se não houvesse amanhã ou exasperar os ouvidos e a paciência de quem rodeia. É preciso absorver. Consumir, num pacto de fusão até que a letra e a melodia toquem em nós sem precisar escutar a canção. 
Nas frutas ou legumes, claro que é para armazenar os sabores que nos vão preencher os espaços vazios quando acabarem as colheitas e permitir uma espera serena até o ano seguinte. 
O mesmo acontece com o pôr de sol diário - e ninguém me venha dizer que é sempre igual - ou com o cheiro das alfazemas e das rosas e o som do chilrear dos pássaros quando sabem que é primavera. 
Há que entranhar! Deixar que o que é bonito no mundo se torne parte de nós.

1 comentário:

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