Hoje usei o último dos emplastros para as costas que me compraste. Sempre achei que com dupla intenção. Estas coisas aplicam-se na pele e entranham-se. A substância liberta-se e funde-se, passamos a ser um só. Eu, emplastro e o raio da dor nas costas, mesmo no sacro, desde aquele dia que escorreguei na calçada em Paço d'Arcos quando passeava com a Zézinha. Também já passaram uns 3 ou 4 anos e ainda me dói de vez em quando, só para me lembrar que mesmo que não se manifeste, fundiu-se em mim e também está cá.
Estamos por casa, eu e esta dor que deve ser do tempo, ou da quarentena ou da primavera, ou só porque sim.
Há pouco sai para passear a Uva, completamente indiferente a que o mundo esteja fechado e até feliz da vida que tem os pomares aqui atrás só para ela. Nem carros a passar. Uma vizinha ou outra na rua - do outro lado - a acreditar que são tão rijas que não há mal que lhes pegue. E nós a rezar que assim seja. No ar ainda cheira a lareira, quase em abril!
Ainda há pouco era oficialmente primavera, agora caiu uma carga de água a lembrar que isto não é como nos dá jeito. E está frio. À sombra já faz frio.
Esta-se assim como numa curta metragem mas em câmera lenta.
Apanhei umas pinhas enquanto pensava no que havia de fazer para o jantar.
Tempo de sobra dá fome. Ontem fiz pão. Talvez faça umas migas.
Sem comentários:
Enviar um comentário