sexta-feira, 10 de abril de 2020

Alma Mater

Passei a infância e parte da adolescência a querer ser adulta e independente. Mal sabia eu... Como cientista, educadora de infância ou escritora, as minhas pequenas aspirações da altura, não consegui. Aliás, saiu-me tudo ao lado, se calhar porque não me conseguia decidir. Tive fases de querer ser tanta coisa, alguma haveria de dar-me a independência dos crescidos, mas afinal para que raio teria eu nascido?
Quando fui mãe, no entanto, tive assim uma espécie de epifania e achei que - Agora sim, é isto que vem dar sentido à minha vida.
Os meus filhos são de longe o "meu" bem mais precioso, mas só algum tempo depois me apercebi que aquela sensação de - Nasci para ser mãe! - me orientava no sentido das características dessa ingrata "profissão" e não obrigatoriamente para parir 12 crias e cumprir os sonhos que a minha mãe não cumpriu.
De onde vem esta necessidade de alimentar o mundo se não dessa veia de matriarca que tenho? 
Eu nem como os meus bolos... 
Ou o impulso incontrolável de chamar à atenção das pessoas em todo o lado, quando sinto que não são correctas, como se as quisesse pôr de castigo (e às vezes, é mesmo um castigo ouvir-me a refilar...). 
A atracção por quem sinto que sofre que assim posso reparar e cuidar. E até esta mania de nunca desistir de ninguém mesmo que não me tratem como acho que mereço. A terrível convicção que sei tudo e que dou óptimos exemplos de moral e bons costumes.
- Eu penso que sou mãe de toda a gente !!!
Mas atenção! Este "monstro" não se criou sozinho...de alguma forma os "meus filhos" espalhados pelo meu pequeno mundo, alimentaram esta "profissão" que desempenho. Ou tento.
É ligar para pedir conselhos, é como faço aquela tarte, é que chá devo fazer para a dor de barriga, ou tiras-me uma carta no Tarôt para saber o que fazer?
Ligam-me quando precisam de alguma coisa, de resto acham sempre que resisto a tudo e nunca preciso de nada! Bate ou não bate certo na minha teoria?
Nem sei o que começou primeiro, será que nasci mãe galinha?
Por falar em ovos! Está quase na hora de almoço.
Não se pode deixar as 'crias' com fome. Queria eu ser adulta e independente para isto...



5 comentários:

  1. Agora é que começo a perceber esta nossa ligação! E como te entendo! Sou boa a parir, a concertar ...e agora estou a adorar ser cria! Beijinho de um coração, muitas vezes nestes últimos florido, graças a ti!

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  2. PS: se um dia tatuasse algo, este coração seria um forte candidato 😌


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  3. Também eu cresci a querer ser adulta o mais depressa possível e independente e organizada e dona de casa exemplar e melhor mãe do mundo e melhor filha do mundo e melhor irmã, e melhor amiga... e melhor esposa, e boa profissional... tanta coisa ...hoje com 54 anos só quero saúde, paz, amor e algum trabalho para poder pagar as contas... sem muitos planos para a vida, não vá ela “os trocar”. Mas sempre com a noção que fiz sempre o meu melhor, tenha conseguido ou não , alcançar os meus objectivos... e para mim é isso que conta... “ dar o teu melhor “, e isso sempre o fizeste mana doce e querida 😘

    “don't grow up it's a trap “ 🤗

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  4. Verdade. Tenho tantos momentos que queria parar no tempo. Vamos ver para onde, a vida nos leva.
    Bjs Madá

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