Há pessoas que quando sofrem escrevem. Outras pintam ou fazem música. Há gente que consegue transformar a dor que sente em arte e eu admiro mesmo muito essas pessoas. Eu se sofro não quero comunicar nem transmitir a minha dor de uma forma bonita. Quero guardá-la só para mim e só a solto quando a resolvo e deixo ir. Se a manifesto sem querer, posso garantir que dificilmente haverá beleza nesse gesto. Tenho péssimo feitio e a sofrer fico bruta. Curiosamente em situações mesmo, mesmo graves, de Carmo e Trindade a cair ao mesmo tempo, nunca me sai o lado lunar e consigo até ter uma atitude lúcida, proactiva e altruísta. Mas isso é outra história que só interessa ao meu ego e não acrescenta nada aqui. Aqui é do sofrimento e da reacção. E da brutalidade ou da poesia.
Se faço comida enquanto sofro, nesse momento, esqueço o sofrimento.
Uma coisa é a dor outra é a comida. Por exemplo...
Neste tempo de recolhimento forçado podia levantar-me e ir para a cozinha de pijama e ramelas, com meias de lã e cabelos desgrenhados. Não consigo! Tenho de estar lavada e vestida, penteada e perfumada e até o que calço importa. Tem de ser confortável, mas não pode ser pantufa ou chinelo. Para fazer comida, não!
Se calhar é a relação entre: corpo-gravidade-convicção. De meias ou pantufas não me sinto preparada para nada a não ser para me deitar no sofá a ver Netflix. E descalça que dá para tudo, agora não dá. Não queremos cá constipações ou gripes...
A antecâmara da cozinha faz toda a diferença no grau de entrega e por conseguinte no resultado. A atitude e o estado de espírito ao começar são por assim dizer, a mise en place etérea da coisa. Como num açúcar que se vai fundindo na água até chegar ao ponto certo.
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Olá,querida
ResponderEliminarEstou a ver que os seus dons vão muito além da cozinha(o que já não é pouco)...
Parabéns 👏
Continue e cuide-se 🙏💖
Beijinho grande 😘
Amei!
ResponderEliminarGosto muito do que escreve, muitos parabéns 👏 pelas suas crônicas maravilhosas. Nota-se que escreve com paixão, com vontade, com dedicação, com alma, com poesia...com amor ... é genuína em tudo onde põe essas mãos carregadas de talento e criatividade que nunca acaba...são as chamadas "mãos de fada" ...
ResponderEliminarTodos esses dons e talentos que depois se completam na cozinha, o "coração da casa " onde a "magia" acontece , seja nos bolos, numa tarte, numa sopa ou nos croquetes de tofu divinais...que nos fazem crescer água na boca só de sentir o cheirinho delicioso que paira no ar quando se entra em casa...feitos com a mesma paixão a mesma dedicação, delicadeza, a mesma poesia...o mesmo amor.
Continue com esses dons maravilhosos que cá estaremos para a aplaudir... um dia quem sabe ...de pé... quando sair um livro maravilhoso com a junção das duas paixões a escrita e os bolos ..
Nunca me canso de dizer que esse seu dom, essa comida deliciosa vai ter que chegar ao mundo... um dia terá que sair da aldeia. Muitos Parabéns, (para mim a melhor cozinheira do mundo ) ❤️ 👏👏