segunda-feira, 6 de abril de 2020

Chronus

Choviam cântaros hoje, quando saí para entregas. A ironia ou sorte é que me apetecia mesmo ficar em casa. Agora ainda chove e bem!
Do forno sai um vapor quente a Mirtilo e Laranja dos muffins que se preparam para servir de lanche. O perfume inunda a cozinha e dança pelo ar. Os pássaros no quintal não se cansam da cantoria e presenteiam-nos com verdadeiras serenatas mesmo à chuva. A chuva ensopa-nos a nostalgia e a saudade. Parece que o tempo a mais fica pegajoso na pele, como se até não fosse uma coisa boa. As revoluções devem mudar os paradigmas e o maior deles aqui é que - nunca se tinha tempo para nada!! Somos sempre um enorme queixume... Seremos mesmo influenciados pelo raio do ritmo melancólico e sofrido do fado?
-Ah e tal, um sol destes e não se pode sair de casa.
-Ah e tal, esta chuva fria que nos molha os ossos e não nos seca a roupa...
A horta não se importa mesmo nada! E na verdade, a roupa também não...
Eu, ainda com o forno quente dos muffins, já misturo as peras no chocolate mentalmente. As receitas formam-se na tal nuvem antes de encorparem as taças e depois as formas. É a parte da adrenalina que vem da criação. O Brownie é só para amanhã, mas é preciso ocupar o tempo.
É parvo, não é? Então nunca há tempo para nada e quando há tempo para tudo ficamos tontos sem saber como usufrir? As pilhas de livros na lista - para ler, não apetece. A quantidade de filmes por ver, não enche as medidas agora. Nada do que interessava nos parece suficientemente útil ou apetecível agora. Exercício é a partir de amanhã ou de outro amanhã e se estiver sol! Arrumar as gavetas com este tempo tão incerto, também não deve ser boa ideia...Plantar as Rosas Albardeiras nem pensar, está frio! E como está pouca luz, a caixa dos óleos e aguarelas também pode esperar. Que canseira, tanto tempo para ocupar. Nada a fazer!
Ou fazer nada, só para ver o que faz o mundo quando estamos de acordo.

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