sábado, 25 de abril de 2020
Svatantrya
O meu primeiro momento de liberdade do dia é ser a primeira a acordar. Respirar fundo. Ouço a casa em silêncio e escuto os sons lá fora. Faço torradas e uma caneca cheia de café quentinho. Agarro qualquer coisa para ler.
Segundo momento livre - Espreguiçar! Isto faz-me sorrir.
Sempre senti que tenho muita sorte. A minha mãe diz que feliz é quem feliz se julga. Esta teoria também deve funcionar com a sorte. E de certo que com a liberdade também. Nasci com a Revolução.
Ligo a música - Now we are free. Hans Zimmer.
A associação mental que me ocorre são pássaros. Asas. Voar. Liberdade é voar. Voamos quando nos sentimos felizes. Neste divagar já fatiei os pimentos e já estou a picar cebolas. Se não me tivessem feito chorar ainda andava por ai a bater asas. Uma sorte não me cortar!
Volto à terra do sempre com as pontas dos dedos amarelas da curcuma fresca.
-Caril! O cheiro e o sabor intenso das especiarias fazem-me sentir viva. Nem sinto qualquer afinidade à India. Não é de todo aquele país que está na minha rota de destinos imperdíveis, mas toda a sua gastronomia é inexplicável regresso a casa. Naan, chamuças, pakoras...que festim!
Liberdade é dançar! E dançam, as cebolas, os pimentos, a curcuma, o alho e os coentros. Já cheira. Tive tanta pressa de crescer para ser livre. Liberdade também é responsabilidade. Vou mexendo a panela.
Gosto do ritual. O que hoje damos como certo, foi ontem determinação e coragem.
Tiro a casca da manga que me derrete de macia, nas mãos. O meu pai ensinou-me a escolher as mangas. É preciso perceber a consistência certa, o cheiro, a cor. As avermelhadas são as melhores.
Devia ter cravos no jardim. Junto o leite de côco e envolvo. Os legumes e as memórias. Ontem voltei a tentar pintar as pereiras. Podia ser outra árvore qualquer mas as pereiras são mesmo bonitas e agora estão cheias de flores brancas. São as que me fazem sentido. Se calhar não nasci para pintar, mas hei-de tentar até a imagem que guardo passar pelas tintas. Baixo o lume. O fogo brando faz o resto. Vou plantar cravos. Fazer uma celebração. A liberdade é um estado da mente.
Caril sabe a revolução.
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Amei mana, para mim a melhor até agora ❤️ Keep going 💪💪💪 Love you 😘❤️
ResponderEliminarÂngela.. .que texto lindo! Também sou filha da revolução e da Liberdade...acho que até mais que filha. Sou irmã... teu texto libertou vôos de pássaros em mim...⚘❤⚘❤⚘❤🍃 Amei...
ResponderEliminarDos textos mais bonitos que li sobre o dia de ontem...
ResponderEliminarE como é tão bom ler o que escreves... Parece que te estava a ouvir falar. E assim distante a distância encurta-se com umas linhas... Chama-se...penso eu conexão...e vi as cebolas a estalar no refogado senti o cheiro do caril e tu a falares enquanto cozinhas, como quando chegava ao Fortuna doutros tempos e uma maravilhosa conversa se juntava com uma comida deliciosa. Mil beijinhos. Ah ... A liberdade de ser a primeira a acordar não o descreveria melhor. Adorei. Beijinhos. Cláudia Cardoso
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